Concurso público não é só estudar

         Embora pareça ser uma questão óbvia, não é! Isso porque o que realmente traz resultados é o que você faz após estudar. Inicialmente, estudar não é ler! Se você não está rabiscando uma folha de papel com uma caneta ou lápis à medida que lê (estudo ativo), então você não está estudando!

 

                     Gatilhos de memória

 

           Veja, primeiro você estuda transcrevendo (pode ser apenas palavras-chave) aquilo que entende ser importante. A ideia aqui é apenas dizer ao seu cérebro que aquilo é importante, não se trata de um resumo a ser reprisado posteriormente. Se você grifa no livro ou PDF o que entende ser importante, não importa, transcreva resumidamente o que destacou, pois, segundo artigo científico listando as 10 técnicas mais importantes de estudo, o grifo tem baixíssimo poder de memorização. Você já deve ter percebido que anotar tudo no notebook está fora de questão, não é?

 

#O que fazer após estudar?

 

          Aqui está o pulo do gato. Após efetuar o estudo ativo, é indispensável resolver questões; fazer: resumos, pequenas anotações, mnemônicos, mapas mentais ou flash cards (utilize o meio de anotação que mais facilite seu aprendizado); efetuar revisões periódicas programadas para jogar o conteúdo estudado na memória de longo prazo (é por isso que aquele estudo vampiro às vésperas de uma prova, no colégio ou na faculdade, não funciona no universo dos concursos).

 

                            Estudo ativo

 

           É indispensável realizar a revisão das 24h (não se deve passar mais de 24h sem repassar o que você estudou no dia anterior).

            Um erro que a maioria comete é se preocupar APENAS com o número de horas a serem estudadas por dia e não com a qualidade do estudo, isto é, ignorar o quanto realmente entendeu, aprendeu e memorizou de tudo o que viu em uma sessão de estudos. Não adianta você estudar 10h por dia e não memorizar, entender e aprender quase nada. A quantidade de horas é fundamental sim, desde que você tenha qualidade nos estudos. Caso contrário, não fará diferença alguma. Você pode estudar 10h por dia, sem qualidade, e seu concorrente estudar apenas 2h por, com qualidade. Adivinhe só quem estará na frete: seu concorrente. Tenha como meta imediata a qualidade dos seus estudos: entendimento, aprendizado e memorização. Quando bater esta meta você estará pronto para se preocupar com a quantidade de horas a serem estudadas por dia. É por isso que só estudar, em si puramente, você não passa. Tem de haver qualidade. Põe quanto és no mínimo que fazes, já dizia Fernando Pessoa:

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive

(Ricardo Reis, in “Odes”
Heterônimo de Fernando Pessoa  )

 

#Ter um plano de estudos escrito

 

           Você só consegue mensurar aquilo que você consegue visualizar. Isso quer dizer que é preciso ter um plano de estudos (quadro horário ou ciclo de estudos) ESCRITO. Sem isso, você irá estudar o que mais gosta, estudar menos do que poderia.

          Mas não é apenas isso. Através do plano de estudos você faz a distribuição das disciplinas de forma lógica (intercala disciplinas de exatas com humanas por exemplo), alterna período de leitura com resolução de questões, controla suas revisões, faz curtos períodos de descanso (pausa de 10 a 15 minutos), descobre  e controla em qual horário do dia rende mais (coloque as disciplinas nas quais você tem mais dificuldade nos primeiros horários de estudos).

 

                 Plano de estudos escrito

 

          Determine a carga horária que você conseguirá estudar e a distribua na grade de estudos conforme o peso das disciplinas, numero de questões de cada uma, sua dificuldade em cada matéria, extensão do conteúdo de cada disciplina. Finalmente, não estipule carga horária fantasiosa que você não vai cumprir (gera desânimo e desistências), tampouco determine quantum aquém do que você pode estudar (desperdício de tempo), isto é importante porque uma vez planejado, cumpra seu cronograma a qualquer custo.

 

“O seu diferencial chama-se disciplina e organização” [1].

 

 

# Cuide do seu emocional

 

           Ser aprovado em um concurso demanda domínio de imenso conhecimento, mas não é isto que mais reprova. “Aprender disciplinas não é o que elimina os 99% das pessoas que jamais passarão em concurso. O que separa os bons dos excepcionais é a capacidade de “domar” a si mesmo. […] Se a questão fosse só sentar e estudar, todos passariam. Sem furos, sem desvios, sem desculpas. Afinal, razões para isso todos os concurseiros têm” [2].

 

          Inteligência emocional para concursos

 

          É importante saber que nada floresce em curtíssimo prazo! Tenha atitude mental progressiva, pois indivíduos com “atitude mental progressiva não procuram apenas os desafios, florescem com eles. Quanto maior o desafio, mais tentam ultrapassa-lo” [3]. Veja: tudo que aprendemos se dá de forma progressiva. Não são as capacidades inatas que definem nosso futuro, mas sim o nosso esforço focado em determinado objetivo.

          Na sociedade do Século XXI, “idolatramos” o coelho, mas nos esquecemos de que é a tartaruga quem vence a corrida! “A atitude mental progressiva arranca o estereótipo da mente e torna as pessoas mais aptas a lutar. Estas pessoas não acreditam em inferioridade permanente. E se estiverem a ficar para trás – então vão esforçar-se mais e tentar apanhar a frente do comboio. A atitude mental progressiva também permite às pessoas retirarem o que querem e o que precisam de um ambiente ameaçador” [4].

 

Atitude mental é mais importante  que talento! Se você se esforçar muito por alguma coisa, irá receber de volta aquilo que deste.

 

              Não há outro jeito, “o caminho do sucesso é solitário. Disso não devemos reclamar. Leitura, reflexão, raciocínio, memorização são funções pessoais intransferíveis” [5].

 

Não é possível ser meio estudante de concursos, ou você estuda ou não!!

 

 

REFERÊNCIAS

 

[1] ALVES. Renato. Não pergunte se ele estudou: como despertar nos filhos o interesse e a motivação nos estudos. São Paulo: Humano, 2012, p.87.

[2] KNOBLAUCH, Gabriela. Mente concurseira: técnicas de estudo + inteligência emocional para concursos públicos. São Paulo: Foco, 2018, p.37.

[3] DWECK. Carol S. Mindset: A atitude mental para o sucesso. Trad. Sofia Barrocas e Ângela Santana. Portugal: Vogais, 2014, p.34.

[4] DWECK. Carol S. Mindset: A atitude mental para o sucesso. Trad. Sofia Barrocas e Ângela Santana. Portugal: Vogais, 2014, p.99-100.

[5] ALVES. Renato. Não pergunte se ele estudou: como despertar nos filhos o interesse e a motivação nos estudos. São Paulo: Humano, 2012, p.43.

Você pode gostar...